O Aruá Observação de vida Silvestre tem o objetivo de unir o turismo de Observação de Vida Silvestre e experiências na Mata Atlântica, com parcerias com universidades para pesquisas científicas com espécies ameaçadas, promoção do turismo de base comunitária e educação ambiental com comunidades locais e visitantes. Em 2023 recebeu o título de “Posto Avançado da Reserva da Biosfera/UNESCO”, um merecido reconhecimento por sua incansável dedicação na proteção do maior corredor de Mata Atlântica do norte da Bahia, localizado na Praia do Forte, Mata de São João-Bahia.
Em 2023, uma parceria foi estabelecida com a Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC) através do Laboratório de Ecologia Aplicado à Conservação, sob comando do pesquisador Prof. Dr. Gaston Giné. O objetivo desta parceria, foi a continuidade de um projeto iniciado em 2022 com Pontes de Travessia de Fauna e a implantação de novos projetos de pesquisa, visando a proteção de duas espécies ameaçadas: preguiça-de-coleira-do-nordeste (Bradypus torquatus) e ouriço-preto (Chaetomys subspinosus). Assim nasceu o Projeto Conecta-vidas, com o objetivo de conectar pessoas, animais e florestas.
A preguiça-de-coleira-do-nordeste (Bradypus torquatus) e o ouriço-preto (Chaetomys subspinosus) são espécies endêmicas da Mata Atlântica, sendo classificados como “vulnerável” à extinção, principalmente devido a sua restrita área de ocupação e isolamento de suas populações, causada pela perda e fragmentação de seu habitat.
Recentemente, descobriu-se que as populações de preguiça do nordeste e sudeste são geneticamente distintas, dividindo as preguiças-de-coleira em duas espécies: preguiça-de-coleira-do-nordeste (Bradypus torquatus) e preguiças-de-coleira-do-sudeste (Bradypus crinitus), restringindo ainda mais a área de ocupação destas e, consequentemente, aumentando assim seu nível de ameaça (Miranda et al, 2023). LINK
As preguiças-de-coleira-do-nordeste e o ouriço-preto têm uma vida arbórea e dieta baseada estritamente de folhas. Por terem um baixo metabolismo, bem como, terem membros extremamente adaptados a vida arbórea, eles são lentos, possuem baixa capacidade de dispersão, e se tornam bastante vulneráveis quando atravessam pelo chão de um fragmento para outro. O norte da Bahia e Sergipe são as regiões mais desmatadas dentro da distribuição da preguiça-de-coleira-do-nordeste. Devido a sua pequena cobertura vegetal e altíssima fragmentação, estas regiões provavelmente abrigam as populações que estão mais ameaçadas, sendo a região da Praia do Forte, a região de maior ocorrência.
Nas últimas décadas, a expansão urbana tem fortemente impactado as florestas do litoral do Brasil, especialmente a Mata Atlântica de locais turísticos do estado da Bahia. Mas o desenvolvimento imobiliário pós pandemia, trouxe um boom imobiliário na região, acarretando supressão de vegetação por conta das ocupações de casa e condomínios, fragmentando florestas e interrompendo os corredores ecológicos já existentes que serviam de passagem para a fauna arborícola da região. Isto pode afetar expressivamente a fauna destes locais por meio da formação de barreiras ao movimento animal, bem como, colocando em risco animais que tentam atravessar de um fragmento a outro, uma vez ficam mais expostos e vulneráveis. A morte dos animais por eletrocução em redes de energia, atropelamentos e outras ameaças já é uma realidade. Desta forma, a implementação de medidas que promovam o fluxo seguro de animais é de grande importância para a conservação da fauna e segurança pública nesta floresta tão ameaçada.
O Projeto Conecta-Vidas, parceria do Aruá Observação de Vida Silvestre em parceria com o LEAC-UESC, visa realizar ações de conservação consideradas prioritárias no Plano de Ação Nacional para Conservação dos Primatas da Mata Atlântica e Preguiça-de-coleira e Plano de Ação Nacional para a Conservação do ouriço-preto, através de um projeto piloto no Brasil com diferentes ações: